Saudades Dona Marinalva

Eu sempre me lembro da minha avó

Era muito pequena mais me lembro dela assim mesmo

Me lembro dela de avental dando broncas na minha tia 

Me envolvia no colo mais gostoso que eu já experimentei 

Ela não sabia ler 

Mas era a pessoa mais inteligente que o meu pai já conheceu até hoje 

Dera uma educação impecável aos seus filhos 

Tinha a Mãe Iansã mais linda que já se vira nos terreiros de umbanda

Cheia de axé...

Um pouco antes de ela morrer quando ainda estava no hospital

Meu pai e minha mãe me disse que quando eles iam visitá-la e falavam de mim

Ela respirava fundo e fazia toda força para tentar se mexer

Era como se ela estivesse tentando agarrar a vida

Para poder ficar um pouco mais comigo

Eu bem que gostaria de ter ficado mais com ela, ter comido todos os seus bolos, todas as macarronadas e comidas deliciosas que ela fazia. 

Ter aprendido matemática com ela 

Gostaria de fazer ela se orgulhar de mim 

Dormir com ela quando chovesse forte 

Abraçar forte ela 

Mais eu sei que ela me segue sempre aonde eu estiver... 

Amo ver as fotos dela, mostrar para todos como ela era linda

Me orgulho de ser de minha Mãe Iansã como ela era também

Queria que ela me visse dançar com meu adjá 

Aiiin vó é uma pena que você não esteja aqui.  

Já faz muitos anos que ela morreu e apesar de eu ser muito pequena na época sinto que fui a única que ainda não superou sua morte

Dona Cila

Maria Gadú

De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu

Se queres partir ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu to pronta
Me colha madura do pé

Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Minha vida depende só do teu encanto
Cila pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto

Teu olho que brilha e não para
Tuas mãos de fazer tudo e até
A vida que chamo de minha
Neguinha, te encontro na fé

Me mostre um caminho agora

 Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer

Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for

O fardo pesado que levas
Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho cheirando alecrim

Inverno

O vento sopra gelado

Fazendo meu nariz congelar.

Eu gosto do frio. É calmo e solitário.

É bom estar só.

Fazia tempo que eu não sabia o que era concentração

Ficar prestando atenção no ar que entra frio e sai quente da minha boca

Sentir o vento levando meu cabelo

E ver o mundo todo parado do alto

Com você por cima

É a dança mais intrigante que eu conheço

Sentir que eu estou viva

Meus pés andando pelo chão gelado

A água gelada entra esfriando tudo

O silêncio é meu amigo

Estou tão mais calma

Que estou apta a voltar as minhas leituras diárias

Que tem livros bons à indicar?

Só (solidão) 
Tom Ze
Solidão...
Solidão...
Que poeira leve
Solidão
Olhe a casa é sua
O telefo...
Solidão
Que poeira leve
Solidão
Olhe a casa é sua
E no meu descompasso
O riso dela
Na vida quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Pra rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar
O sol que sobe na cama
E acende o lençol
Só lhe chamando
Solicitando
Solidão
Que poeira leve...
Se ela nascesse rainha
Se o mundo pudesse agüentar
Os pobres ela pisaria
E os ricos iria humilhar.
Milhares de guerras faria
Pra se deleitar
Por isso eu prefiro
Cantar sozinho...
Solidão
Que poeira leve
Solidão
Olhe a casa é sua
O telefone chamou, foi engano...
Solidão
Que poeira leve
Olhe a casa é sua
E no meu descompasso
Passo o riso dela
Solidão
Que poeira leve
Solidão